Manuel Medeiros (1936-2013)

Morreu mais um livreiro. Não um livreiro qualquer, mas um livreiro a sério, digno desse nome, bem diferente dos que actualmente povoam o nosso mercado livreiro, que, na sua quase totalidade, não passam de meros balconistas, sem qualquer formação livreira e cultura geral, extintos que foram os cursos para esse efeito outrora ministrados pela APEL e fenecendo como está a fenecer, com a forte conivência do actual Governo, o gosto e estimulo por essa cultura.

Desapareceu, pois, um livreiro que pela sua educação e formação superior e pela consciência que tinha dos valores essenciais fomentadores de um futuro melhor, assentes no homem e no bem estar colectivo, sempre os soube promover através de uma intensa actividade livreira na cidade que escolheu como sua segunda terra natal: Setúbal.

Esse livreiro chamava-se Manuel Medeiros. Ex-padre e professor, que mesmo abdicando de uma e outra função nunca perdeu de vista os vectores fundamentais de ambas, tanto a nível familiar como profissional, Manuel Medeiros afirmou-se na sua praxis como um homem de família e cidadão exemplar.

Homem dotado de fina sensibilidade e de uma visão humanista do mundo, também na poesia deixou a sua marca, sendo apenas de lamentar que a ela não tenha podido dedicar tanto tempo e empenho como dedicou à difusão dos livros e à promoção de muitos e notáveis escritores que passaram pela sua livraria, Culsete.

É desse livreiro, pois, que tive o privilégio de conhecer e ter como amigo há perto de quatro décadas, que ora me despeço.

Que na outra vida em que decerto acreditavas, te seja concedido o merecido repouso e reconhecimento pelo bem que fizeste nesta terra.

Lisboa, 24 de Outubro de 2013

O Editor
Assírio Bacelar


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